quinta-feira, 3 de maio de 2012

Fósseis incríveis

Encontrar um fóssil, qualquer que seja, já é um evento raro. São necessárias várias etapas para isso ocorrer:

1. O organismo morre;

2. Ele é depositado num local apropriado para fossilização (lago, âmbar, congelado, etc);

3. O local onde ele foi depositado ficou relativamente "estável" durante um tempo (alguns milhares de anos), permitindo todos os processos físicos e químicos que vão transformar os restos do organismo num fóssil;

4. Após fossilizar o fóssil (!), o ambiente deve resistir a diversos tipos de "catástrofes paleontológicas" (catástrofes naturais, intemperismo e erosão, derretimento por magma, ser destruído por raízes de plantas numa floresta, etc);

5. Resistindo durante milhares, milhões ou bilhões de anos, o fóssil deve ficar exposto parcialmente (através do desgaste contínuo da chuva, vento, maré, etc) para que alguém possa encontrá-lo;

6. Essa pessoa que encontrar o fóssil ser alguém que tenha alguma noção do que encontrou (ou um cientista ou alguém que conhece a existência de fósseis), para que o mesmo possa ser encaminhado para estudo e divulgação.

Só passando por todos esses passos é que um ser vivo antigo pode ser conhecido pelo mundo. Mesmo com toda essa dificuldade, nós conhecemos uma surpreendente variedade fóssil, principalmente de animais. Hoje vamos ver alguns fósseis que, além de passar por todas essas dificuldades citadas acima, ainda foram preservados em momentos raríssimos. São verdadeiras jóias da Paleontologia!

1. Os briguentos da Mongólia

Em 1971, um fóssil surpreendente foi descoberto, no deserto de Góbi, Mongólia (que, aliás, é um dos tesouros mundiais da paleontologia): um Velociraptor e um Protoceratops preservados bem no "meio" de uma briga! Olhando o fóssil, é indiscutível observar que eles estavam brigando: se vocês repararem bem, verão o bico córneo do Protoceratops mordendo o braço do raptor, enquanto que uma das garras do famoso dino carnívoro se encontra próxima ao pescoço do herbívoro. Uma das evidências de predação mais claras já encontradas, esse fóssil não deixa dúvidas sobre a interação ecológica entre esses animais.

Mas...como eles foram preservados nessa posição? Será que nenhum dos dois percebeu que estava para morrer e preferiu continuar brigando? Bem, o instinto básico de qualquer animal é a sobrevivência. Para os dois animais terem morrido juntos, brigando, um evento muito rápido deve ter ocorrido (ou uma tempestade de areia, ou um deslizamento próximo, ou algo do gênero), enterrando-os rapidamente antes que eles sequer "percebessem" o perigo que passavam.

O site do American Museum, em Nova York, possui três vídeos que retratam muito bem esse evento, um dos mais conhecidos da Paleontologia. Vale a pena dar uma olhada nesse link! (atenção: para visualizar os vídeos é necessário ter o programa "Quick Time" no computador)

2. A mamãe do mar











Os ictiossauros são répteis marinhos semelhantes à golfinhos e tubarões (são, inclusive, muito utilizados em exemplos didáticos de convergência evolutiva), cuja linhagem se encontra completamente extinta atualmente. Eles são impressionantes por diversos motivos: tamanho (alguns podiam alcançar mais de 20m), olhos (estão entre os maiores do reino animal), diversidade no mesozóico...mas, possivelmente, o que mais chama a atenção nesses bichos são os fósseis de seus fetos.
Um dos poucos exemplos fósseis de viviparidade (onde os animais dão a luz diretamente ao seus filhotes, sem passar pelo estágio de ovo), alguns fósseis de ictiossauros impressionam por registrar exatamente o momento mais mágico da natureza: a gestação e o parto. Existem alguns fósseis muito bem preservados de fetos de ictiossauros isolados, mas a imagem acima representa um dos fósseis mais famosos do mundo, com uma mamãe ictiossauro dando a luz a seu filhote. Infelizmente para ela, algum problema deve ter ocorrido na hora do parto (o filhote entalou? Houve muita perda de sangue? Algo os matou repentinamente?), entretanto, a fossilização naquele exato momento eternizou mãe e bebê ictiossauros dentro da história da Paleontologia.

3. O filhote congelado

A Sibéria não é conhecida somente pela propaganda da operadora Net ou pelo local onde o Hyoga, do desenho Cavaleiros do Zodíaco, teve seu treinamento. Lá é o local onde provavelmente se encontra a maior quantidade de mamutes congelados do mundo!

Os mamutes, parentes peludos dos elefantes, viveram até pouco tempo atrás (pouco tempo no sentido paleontólogico; para nós, que trabalhamos frequentemente com a ordem de milhões de anos, alguns milhares de anos são pouquíssimo tempo) e, por isso, podem ser encontrados com grande grau de preservação. Várias descobertas de mamutes congelados (parcial ou totalmente) já foram noticiadas, mas uma delas teve especial destaque na mídia.

Apelidado de Lyuba, o pequeno filhote de mamute da foto acima (com aproximadamente um mês de vida) foi encontrado por uma família de pastores de rena siberianos em um estado incrível de preservação (olhando para o fóssil, nem dá para perceber que ele tem 40 mil anos de idade). O chefe da família contactou as autoridades locais, que encaminharam uma equipe de pesquisa ao local. O fóssil foi recolhido e estudado por cientistas europeus e japoneses, numa incrível descoberta que ajudou muito na compreensão acerca desses incríveis animais extintos. O site da revista National Geographic fez a cobertura da descoberta e possui uma belíssima galeria de imagens de Lyuba aqui. Confiram!

4. Esqueceu de dar a descarga

Muitos fósseis "bizarros" já foram encontrados na história: animais estranhos, plantas esquisitas, microorganismos que parecem "alienígenas". Mas poucos fósseis são mais surpreendentes do que dejetos de dinossauros! Apresento à vocês um urólito, isso mesmo, uma marca de xixi fossilizado de dinossauro:

Esse fóssil brasileiro, vindo de Araraquara (interior de SP), foi descrito pelo paleontólogo Marcelo Adorna Fernandes em 2004 e representa uma possível marca de urina, deixada provavelmente por um dinossauro no lugar onde, há milhões de anos, era uma imenso deserto. O material, incluvise, é muito parecido com a marca que deixam os avestruzes na terra quando fazem suas necessidades. Dado o parentesco entre dinossauros e aves, é razoável supor que este fóssil tenha sido deixado por um dinossauro que quis se "aliviar" há milhões de anos.

O urólito, que veio do mesmo lugar de onde surgem diversos fósseis de pegadas, estava exposto na exposição "Dinos-na-Oca" (2006), realizada em São Paulo. Alguém aí se lembra da exposição e desse fóssil?


Enfim, caros leitores, esses foram apenas quatro dos mais fascinantes fósseis já encontrados no mundo. Muitos outros são igualmente impressionantes (dinos mumificados, pele fossilizada, órgãos, tecidos moles e até vasos sanguíneos preservados em rocha, entre muitos outros), mas quis mostrar estes quatro em especial no post de hoje. Espero que vocês tenham gostado e até a próxima!

quinta-feira, 26 de abril de 2012

Exposição no Shopping Aricanduva prorrogada até o dia 27 de Maio!

É isso aí!

Quem ainda não viu a exposição "Era T. Rex" em São Paulo, é a hora de aproveitar: ela foi prorrogada até o dia 27.05.2012!

Visitem antes que eles sejam extintos de novo!

terça-feira, 10 de abril de 2012

Como ser paleontólogo no Brasil?

Você se interessa por paleontologia? Gosta de aventuras e de pesquisar sobre as antigas formas de vida no nosso planeta? Já pensou em ser paleontólogo? Se a sua resposta foi "sim" para alguma dessas perguntas, então você pode ser um futuro grande cientista e estudar fósseis impressionantes!

Mas...será que é possível trabalhar com paleontologia no Brasil? Onde que o trabalho é realizado? O quê eu tenho que estudar para me tornar um paleontólogo?

Bem, vamos por fases:

Fase "1" - Quero ser paleontólogo!

Essa fase é quando você se dá conta de que quer mesmo ser paleontólogo, quer descobrir fósseis, quer dar nome a bichos fósseis novos, etc. Ela pode ocorrer desde cedo, quando você ainda é uma criança (como ocorreu comigo e com vários paleontólogos que conheço) ou mais tarde, com você no Ensino Médio ou mesmo na faculdade.

Fase "2" - E aí, o que eu faço agora?

Aqui é a fase onde provavelmente você fica mais perdido. Você não faz ideia do quê fazer agora, não sabe o caminho a seguir e, ainda, pra piorar, sempre que você comenta com as pessoas ao seu redor que quer mesmo ser paleontólogo, acaba ouvindo frases como "Você quer mesmo fazer isso da vida, tem certeza?", "Mas não dá pra ser isso aí aqui no Brasil!", "Vai acabar desempregado, é melhor escolher outra área...", entre outras.

Não se preocupe, é extremamente normal ficar "perdido" nessa fase. Provavelmente você vai ouvir que é impossível ser paleontólogo no Brasil. Mas não é.

Fase "3" - Escolhas

Se você passou pela fase 2 e está decidido a seguir a estrada da paleontologia, há uma grande escolha a fazer: que faculdade cursar?

Aqui no Brasil não há gradução em Paleontologia (mas há em outros lugares do mundo, se estudar fora do país for uma opção para você). Normalmente, os paleontólogos brasileiros se formam em Biologia ou Geologia, mas existem casos de profissionais que se formaram em outras áreas (como Geografia, por exemplo). Nesse momento, você deve pesquisar bem as diferenças entre cada área, como é o campo de trabalho em cada uma delas, etc. Vale conversar com profissionais da área, pesquisar na internet, participar de eventos, tudo o que possa lhe esclarecer como é o funcionamento de cada área. O importante é que quando você faça a escolha da sua graduação, você o faça de maneira consciente e sabendo o que vai passar nos próximos 4 ou 5 anos. Para cada área, você receberá uma formação específica que o ajudará no trabalho em Paleontologia.

Se você escolher Biologia, receberá uma base forte em: Zoologia, Botânica, diversidade biológica, evolução, etc.

Se você escolher Geologia, receberá uma base forte em: Ciclo das rochas, formação de fósseis, sedimentologia, datação geológica, etc.

Vale lembrar que a Paleontologia é praticamente uma "combinação" entre Biologia e Geologia, e você vai precisar de uma boa base nas duas áreas. Cabe, então, escolher a área com a qual você tenha mais afinidade (eu, por exemplo, escolhi Biologia).

Fase "4" - Durante a graduação

Enquanto você estiver na faculdade, o ideal é tentar buscar um contato inicial com a paleontologia. Você pode fazer um estágio em alguma instituição que trabalhe com Paleontologia (veja uma lista no final deste post), fazer uma iniciação científica na área ou trabalhar em algum projeto de divulgação científica em Paleontologia, por exemplo. Esse contato inicial, além de te ensinar muitas coisas novas, pode te ajudar a abrir portas para uma pós-graduação depois da faculdade.

Fase "5" - Pós-graduação

É aqui que ocorre a "formação" do paleontólogo, onde ele se especializa em alguma área dentro da paleontologia e começa sua própria linha de pesquisa. A pós-graduação aqui citada é a strictu sensu (ou seja, Mestrado, Doutorado, pós-Doutorado, etc, onde o pesquisador defende sua dissertação ou tese), e não a latu sensu (cursos de especialização, popularmente chamados de "pós").

A pós-graduação em Paleontologia é realizada principalmente em universidades públicas, que reúnem a grande maioria dos profissionais em paleontologia no país. Para ingressar numa universidade, você primeiro precisa ter contato com o laboratório que trabalha com paleo naquela instituição e com um orientador que tope te orientar em algum projeto. Por isso, experiências prévias na área podem te ajudar a entrar para a equipe do laboratório. Chegue na universidade, converse com o pessoal do laboratório, mande e-mail, insista um pouco (se necessário), e mostre que você tem bastante interesse em trabalhar para o laboratório. Mesmo assim, é importante que você esteja disposto a fazer uma espécie de "estágio voluntário" no laboratório, indo algumas vezes na semana, sem receber por isso, mas já preparando um projeto de Mestrado e/ou Doutorado. Você também poderá participar de congressos, simpósios, saídas de campo para coleta de fósseis, etc.

Nem sempre você vai conseguir trabalhar com o grupo específico que deseja. Não adianta querer trabalhar com tigres-dentes-de-sabre, por exemplo, se na instituição só há fósseis de répteis. Por isso, o estágio antes do ingresso na pós-graduação é importantíssimo, para saber que tipos de materiais existem lá e que tipo de projetos você pode desenvolver. As pessoas costumam achar que só os dinossauros são interessantes, mas existem muitos outros grupos de seres vivos que são igualmente impressionantes (e dos quais se conhece muito pouco) além dos dinossauros.

Fase "6" - O campo de trabalho

E onde o paleontólogo trabalha aqui no Brasil? Bem, a maior parte do campo de trabalho está concentrado nas próprias universidades. Enquanto o aluno de pós-graduação faz sua pesquisa, normalmente ele recebe uma bolsa (de instituições públicas) pelo seu trabalho. Depois do Mestrado e Doutorado, ele pode prestar um concurso público para se tornar professor/pesquisador de alguma universidade.

Outras opções para o profissional de paleontologia são: curadoria de museus e exposições, pesquisa em combustíveis fósseis, consultoria científica, divulgação científica, etc.


Enfim, essas foram as principais fases resumidas (BEM resumidas) que você irá passar a partir do momento em que desejar ser paleontólogo. Vale a pena lembrar que o campo em paleontologia no Brasil é restrito, sim, mas não impossível. De qualquer maneira, toda atividade profissional tem suas particularidades e dificuldades. O mais importante é você se tornar um profissional que goste realmente do que faça, que seja perseverante e esteja disposto a aprender durante toda sua vida; isso certamente lhe tornará um profissional diferenciado no mercado de trabalho. Pense nisso!

Logo abaixo, coloquei uma lista com diversas instituições brasileiras que trabalham com paleontologia (se souber de mais alguma que não conste na lista, me avise que eu adiciono). Visite seus sites e conheça mais sobre suas linhas de pesquisa!

Boa sorte!

Lista de instituições brasileiras que desenvolvem pesquisa científica em Paleontologia

Região Sudeste

USP

--> Museu de Zoologia da USP

--> Instituto de Geociências da USP

--> Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da USP de Ribeirão Preto

UNESP

--> Instituto de Geociências (Rio Claro)

Museu Geológico Valdemar Lefèvre

Museu de História Natural de Taubaté

Museu de Paleontologia de Marília
Museu de Paleontologia de Monte Alto



UFRJ
--> Museu Nacional

--> Instituto de Geociências da UFRJ
Museu dos Dinossauros - Centro de Pesquisas Paleontológicas Llewellyn Ivor Price

Região Sul

UFPR
--> Departamento de Geologia da UFPR

UFRGS
--> Departamento de Paleontologia e Estratigrafia da UFRGS

UFSM
--> Laboratório de Estratigrafia e Paleobiologia da UFSM

UNIPAMPA
--> Campus de São Gabriel

Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul

Região Nordeste
Universidade Federal do Maranhão

Universidade Regional do Cariri
--> Museu de Paleontologia

Região Norte

Universidade Federal do Acre

Museu Paraense Emilio Goeldi

terça-feira, 6 de março de 2012

O que é um dinossauro?

Todos os grupos de seres vivos possuem características exclusivas, que podem ser modificadas ao longo do tempo para novas formas e funções. Mamíferos mamam em glândulas mamárias de suas mães quando são pequenos, tartarugas têm uma carapaça óssea nas costas e os vertebrados têm...bem...uma bela coluna vertebral. Minha coluna é diferente da coluna de uma serpente, que é diferente da coluna de um tubarão, que é diferente da coluna de uma andorinha. Mas todos nós temos uma coluna vertebral e, por isso, todos nós somos vertebrados.

A maior parte do conhecimento científico que temos dos dinossauros vem de seu esqueleto, que é uma das partes que mais facilmente se fossiliza. Logo, não sobraram muitas opções aos paleontólogos do quê definir as características dos dinossauros através de seus ossos. Provavelmente, os dinossauros devem ter diferenças exclusivas em seus sistemas digestivos, excretores, nervosos...mas nada disso fossiliza com facilidade. Então, sabemos com certeza que as características que tornam os dinossauros um dinossauro são:

--> Acetábulo aberto (acetábulo é a parte da pelve, vulga "bacia", onde se encaixa o fêmur, o osso da coxa), como um buraco;

--> Cabeça do fêmur em forma de bola;

--> Capacidade de articular (dobrar) o pescoço em forma de "S" (sim, os dinossauros são os únicos animais que conseguem dobrar o pescoço em forma de "S"); 
--> Tíbia (osso da canela) com uma crista cnemial;
--> Húmero (osso do braço, que fica entre o seu cotovelo e o seu ombro) com uma crista deltopeitoral alongada;

--> Membros dianteiros ("mãos") com o 4º e o 5º dígitos ("dedos") reduzidos ou ausentes;

--> Etc. (existem muitas outras, mas não vou ficar citando aqui para não fica cansativo demais)

Todos os animais que possuem essas características são dinossauros; quem não possui, não é dinossauro. Então, vamos ver alguns exemplos de animais que não são dinossauros:

Muito comumente chamados de "dinossauros voadores", os pterossauros (animais como o Pteranodon e o Anhanguera) são, na verdade, répteis voadores, primos dos dinossauros, que viveram na mesma época dos dinossauros, mas que não são dinossauros por não possuírem as características que definem um dinossauro (citadas logo acima). Como um exemplo, a lagartixa que vive atualmente não é um mamífero só porque ela vive atualmente junto com os mamíferos, nem o cachorro é um primata porque ele vive conosco o tempo todo. Só é mamífero quem tem característica de mamífero, só é primata quem tem característica de primata e só é dinossauro quem tem característica de dinossauro.

Frequentemente chamados de "dinossauros aquáticos", nenhum dos animais "pré-históricos" exclusivamente aquáticos podem ser chamados de dinossauro, eles são répteis aquáticos, que viveram na mesma época dos dinossauros. Mas por quê não são dinos? Eles não são dinossauros porque não possuem as características básicas de um dinossauro. Os ictiossauros (que parecem com tubarões e golfinhos, mas não são nem peixes, nem mamíferos, mas sim um répteis aquáticos), os  plesiossauros de pescoço comprido (o famoso "Monstro do Lago Ness", lenda que, aliás, pode muito bem ter nascido a partir de um fóssil que ninguém sabia explicar), os plesiossauros de pescoço curto e os mosassauros (parente das atuais serpentes e lagartos), nenhum deles é um dinossauro.

Muito bem, falamos de quem não são dinossauros. Mas quem é dinossauro, afinal de contas? Ora, são aqueles animais que possuem característica de dinossauro, como por exemplo:

O Stegosarus é um dinossauro!

O Diplodocus é um dinossauro!
O Tyrannosaurus rex é um dinossauro!

A galinha é um dinossauro!

Peraí?!?!?!

A galinha é um dinossauro?!?!?!

Sim, a galinha é um dinossauro. Não só ela, como todas as aves (atuais e extintas) são dinossauros. Elas não são apenas "parentes distantes" vivas dos dinossauros, elas são dinossauros em si! Quer ver algumas características de dinossauros nas aves? Compare o esqueleto de uma galinha com o esqueleto de um dinossauro (você pode facilmente encontrar imagens dos dois na Internet):

Sabe o acetábulo aberto, onde encaixa a "cabeça" do fêmur? As aves também têm!

Sabe o pescoço em forma de "S", que só os dinossauros conseguem dobrar? As aves também conseguem!

Sabe a mão com o 4º e o 5º dígitos ("dedos") reduzidos ou ausentes? As aves também têm!

E muitas outras características em comum vamos encontrar nos esqueletos de dinossauros e aves. Claro que as aves modificaram muitas características para sobreviverem (perda dos dentes, redução da cauda, modificações na estrutura óssea, etc), mas elas preenchem todos os requisitos básicos de um dinossauro. Nós também modificamos diversas características dos mamíferos, e somos bem diferentes dos cachorros, ursos, cavalos, elefantes, etc., mas todos somos mamíferos. Além do mais, pesquisas modernas também estão nos fazendo cada vez mais descobrir aspectos de "aves" nos dinossauros: descobertas de marcas de penas nos dinossauros de milhões de anos atrás, aves primitivas com dentes e rabo ósseo e, talvez o mais surpreendente de tudo, uma proteína de colágeno (proteína que forma várias estruturas no corpo de vários animais) foi sequenciada a partir de um fóssil e T rex e comparada com a de vários animais. E adivinha com a de qual grupo de animais ela se mostrou mais parecida? Pois é, justamente com o grupo das aves. (para ler uma matéria que explica melhor o assunto, clique aqui).

Nossas descobertas científicas já mostram claramente a evolução de dinossauros para as aves. Temos, inclusive, muitos fósseis intermediários que mostram praticamente "passo a passo" essa transição das características. Nesse caso, caro leitor, lembre-se de uma coisa: os dinossauros não estão extintos.

Quando você sai pela rua, centenas de dinossauros diferentes te observam do ar, do chão e dos fios elétricos nos postes.

Quando você cria um periquito ou um papagaio, você na verdade está criando um dinossauro de estimação.

Quando você estiver fazendo a ceia de Natal com sua família, não se esqueça de assar bem o perú de Natal, digo, o dinossauro de Natal!

Aposto que você nunca mais vai olhar para o frango em seu prato de comida da mesma maneira! ;-)

Saboreie sua carne de dinossauro da mesma maneira que você saboreia descobrir coisas novas!

Até a próxima!

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Quem é o paleontólogo?

     Roupas “cor de terra”, chapéu de abas na cabeça e ferramentas na mão, viajando por terrenos remotos em busca de relíquias do passado. É exatamente esse estilo “aventureiro de cinema” que compreende uma parte da, mas não toda, carreira do paleontólogo. Mas, quem é esse profissional?

     O paleontólogo é o profissional que estuda a evolução e a diversidade da vida no passado da Terra. Para isso, ele tenta compreender os fósseis, que são os restos e vestígios que os diferentes tipos de seres vivos deixaram há milhares, milhões ou até mesmo bilhões de anos atrás e são encontrados atualmente em nosso planeta.

     Muitas pessoas confundem dois tipos de profissionais que são “parecidos porém diferentes”: o paleontólogo e o arqueólogo. Enquanto o paleontólogo busca entender a diversidade da vida no passado da Terra, o arqueólogo foca seus estudos mais na diversidade e desenvolvimento das diferentes culturas e civilizações humanas ao longo da história de nossa espécie. Por exemplo, quem estuda os dinossauros e seus fósseis são os paleontólogos, enquanto quem estuda as múmias e as pirâmides do Egito são os arqueólogos.

     Fazer escavações em lugares áridos e, muitas vezes, bastante quentes faz parte da rotina de qualquer paleontólogo. Mas a maior parte do trabalho fica por conta do estudo detalhado dos fósseis, descobertos em campo, nos laboratórios de Universidades e Museus de Ciência. Em primeiro lugar, um bom paleontólogo precisa ser um bom aprendiz, pois a maior parte de seu tempo ele empreenderá estudando novas descobertas e metodologias para sua pesquisa.

     No Brasil, não existe graduação em Paleontologia. Normalmente, os paleontólogos que trabalham em nosso país são formados em Biologia ou Geologia e depois fazem pós-graduação (Mestrado e Doutorado) em Paleontologia em alguma das diversas Universidades espalhadas pelo nosso país que realizam este tipo de pesquisa científica. Vale lembrar que alguns dos fósseis mais importantes do mundo foram descobertos no Brasil e que, anualmente, diversos fósseis novos são descobertos pelos pesquisadores daqui.

     Ficou interessado em saber mais sobre a profissão do paleontólogo?

     Quer saber como são os fósseis que são encontrados no mundo?

     Acha que poderia ser um bom paleontólogo?

     Então visite a exposição Era T. Rex! Lá, você poderá conhecer um pouco melhor sobre a profissão e sobre um dos principais grupos de animais estudados pelos paleontólogos: os dinossauros. Quem sabe você não acaba gostando do tema e se tornando um grande paleontólogo?

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Apresentação

Olá pessoal!

Este blog foi criado para comunicação entre os visitantes da exposição "Era T. Rex" e paleontólogo Bruno Gonçalves Augusta. Visitou a exposição e saiu com alguma dúvida? Tem alguma curiosidade a mais que gostaria de saber? Gostaria de saber mais sobre algum dinossauro ou outro animal extinto? Entre no blog, poste suas considerações e fique à vontade para interagir com o paleontólogo e com outros visitantes! Sua dúvida pode se tornar um novo post aqui do blog!

Até mais!